Entrevista com o Prefeito de Paulista, Junior Matuto


“Eduardo tem que ser candidato”













Depois
de quatro meses à frente da Prefeitura de Paulista, o prefeito Júnior
Matuto (PSB) fez o primeiro balanço das ações da sua administração. O
socialista reclamou das dificuldades enfrentadas pelos municípios,
sobretudo, após a queda do repasse do Fundo de Participação dos
Municípios (FPM). Matuto ainda defendeu a candidatura do governador
Eduardo Campos (PSB) à Presidência da República para o próximo ano e
comentou a relação entre o PT e PSB, inclusive a nível municipal. O
prefeito criticou a postura do deputado estadual Sérgio Leite (PT), que
não concordou com a adesão de sua legenda ao Governo. “Já que ele deseja
e anseia tanto, tem projetos pessoais para governar a cidade, ele
poderia fazer algum gesto pelo município do Paulista. Estou aberto ao
diálogo com todo mundo”, afirmou. 












Como o senhor avalia esses 100 dias à frente da Prefeitura do Paulista? 





Primeiro, lhe dizer que o desafio é muito grande. Paulista é um
município, mesmo sendo a quarta cidade da Região Metropolitana, que
enfrenta uma série de problemas, até pela sua divisão geográfica. Nós
temos quatro cidades em uma. Você bota os (bairros de) Maranguape, as
praias, os paratibes, juntando com Arthur Lundgren I e II, e o Centro,
pegando Jardim Paulista Baixo, Alto, Mirueira e Vila Torres Galvão.
Então, a vontade de fazer, até porque estabelecemos um compromisso
durante todo processo eleitoral, é muito grande. A equipe está animada,
mas a dificuldade financeira é imensa. Mesmo assim, temos co­mo meta não
cruzar os braços nem ficar reclamando da vida. 







Então o foco do seu governo será voltado realmente para Educação e Saúde, como foi dito na campanha?




Perfeitamente. Demos sinais disso quando assumimos o Governo.
Completamos os 100 dias de gestão no momento e não tivemos como
apresentar grandes obras de infraestrutura. Mes­mo assim, diante das
dificuldades, a gente conseguiu adquirir uma escola com dez salas
climatizadas, quadra coberta e desmanchamos um anexo e outra escola numa
situação precária na comunidade de Jardim Ve­lho. Firmamos também um
convênio com o Governo do Estado e adquirimos a Escola Manoel Gonçalves,
onde desmanchamos dois anexos e oferecemos uma estrutura melhor tanto
para os profissionais, quanto para os alunos. Fizemos a contratação de
professores para suprir toda necessidade. Na Saúde, em parceria com o
Governo Federal através do Provab, a gente conseguiu contratar 14
médicos e isso supriu toda necessidade do PSF. Tinha PSF que fazia dois
anos que não tinha médico e a nossa meta é colocar médico e remédio em
todos os postos. 







Percebe-se que a questão de reordenamento
do município ainda é muito precária, algo que precisa melhorar. O que o
senhor pretende fazer?




Quando assumimos a prefeitura, a primeira coisa que tínhamos como meta
para transmitir à população é que Paulista tinha alguém tomando conta da
cidade. Tomar conta da cidade não é simplesmente limpar os canais - e
já conseguimos limpar 26 canais -, mas tomar conta da cidade como um
todo, que vai da apreensão de animais, que ainda tem muito a ser
apreendido. E reordenar as calçadas, porque também faz parte da
mobilidade, pois temos idosos, cadeirantes, as pessoas que querem
transitar na calçada e é uma atitude que não tem custo. Na verdade, é
muito mais conduta, atitude. 







Desde o início do ano fo­ram realizadas
duas reuniões do Pacto Metropolitano, que reúne todas as prefeituras da
Região Metropolitana para discutir questões ligadas à região. O que
Paulista tem feito para contribuir com esse projeto? Tem projetos na
área de mobilidade?




Sabemos que a questão da mobilidade é uma grande obra de infraestrutura
que integra principalmente os municípios da Região Metropolitana, que se
confunde com o Recife. Quando cada um expor sua situação, suas
dificuldades, o Governo do Estado, juntamente com o Governo Federal,
deve tomar uma posição. O que depender de Paulista para contribuir junto
à Região Metropolitana, vamos fazer. 







Recentemente, o PT pas­sou a fazer parte da
sua gestão. Houve uma disputa acirrada com os petistas na eleição. O
que motivou esse gesto? 




Quero dizer que os palanques foram desmontados. Eu nunca briguei com o
PT. O candidato petista (deputado estadual Sérgio Leite, que ficou em
segundo lugar) foi quem levou uma disputa eleitoral para o campo pessoal
e aí foi uma campanha muito turbulenta, agressiva, mas eu sempre
respeitei tanto ele quanto os adversários na proporcional, os dirigentes
petistas. O que é que acontece? Eu acho que o momento é de pensar
Paulista. Até porque, se a gente for discutir eleição agora, é
impossível governar. E diante disso aí, na pasta de Meio Ambiente,
sabemos que Paulista tem um grande passivo ambiental e nessa pasta, por
conviver com o companheiro Fábio Barros (PT) na Câmara, saber que mesmo
ele estando na oposição, esse vereador nunca pensou duas vezes quando
foi para aprovar e viabilizar qualquer projeto para o bem do município. E
o PT está vindo como um todo para o Governo. O problema aí é do petista
(Sérgio Leite). Qual foi o sentimento do PT? Não dá para colocar em
discussão aparecer em Paulista só de quatro em quatro anos, discutindo
eleição. E o sentimento petista hoje quer discutir a cidade, quer
contribuir. 







Mas ele disse que se tratava de acomodação política...




Não, de maneira nenhuma. Até porque eu estou juntando o perfil técnico do companheiro que tem vasta experiência.







Apesar desse perfil, supostamente agressivo do deputado Sérgio Leite, o senhor pretende conversar com ele?




Estou aberto ao diálogo com todo mundo e com o deputado Sérgio Leite não
é diferente. Agora, ele tem que pensar a cidade. Já que ele deseja e
anseia tanto, tem projetos pessoais para governar a cidade, ele poderia
fazer algum gesto pelo município do Paulista, que nós estamos de acordo.
Se ele tem esse sonho, se ele deseja e sonha um dia em governar
Paulista, ou se ele identifica Paulista como base eleitoral dele, um
local em que todas as eleições ele tem voto, ele tem que fazer algum
gesto pela cidade. Estamos aqui abertos ao diálogo. Como acabei de
dizer, hoje os palanques estão desmontados. Hoje é o deputado Sérgio
Leite, não é nem o ex-candidato a prefeito. 







Em breve, a aliança en­tre o PT e PSB
poderá ser quebrada com a candidatura do governador Edu­ardo Campos.
Isso pode ter reflexos na esfera local?




Dentro da situação local não vejo dificuldade nisso. Até porque estamos
em Pernambuco e aqui ninguém vai à rua contra o governador. É legítima
(a movimentação de Eduardo) porque quem não é visto, não é lembrado. O
Brasil hoje vive um momento confuso na questão econômica e a esperança
dos prefeitos é que um governante a nível federal ele entenda e tenha a
sensibilidade que tudo acontece na cidade, na prefeitura. E Eduardo deu
essa aula quando ele criou o FEM. 







O senhor defende que a candidatura de Eduardo seja agora, já em 2014?




Nas devidas proporções, a situação do governador Edu­ardo Campos é como
se o filme voltasse a 2006, quando ele começou a candidatura como se
fosse uma piada e poucos acreditavam. E ele começou a falar de suas
intenções, conversar com o povo e hoje é uma liderança a nível nacional.
Não vai ser diferente. Ele tem legitimidade, ele tem que ser candidato,
quem não é visto não é lembrado. Meu desejo é que ele oficializasse
isso o quanto antes para que o povo brasileiro soubesse que nosso
governador é a esperança para nosso País. 







Isso não iria dificultar a relação dos prefeitos do PSB com o Governo Federal, que poderia travar o repasse de verbas?




Não, porque primeiro temos conversado com prefeituras do DEM, do PSDB e
que estão tendo tratamento que prefeituras aliadas têm. Porque o Governo
Federal nessa estratégia de ter autonomia não quer saber do partido,
até porque o que ele quer rotular é que qualquer ação que venha da União
seja uma iniciativa do Governo Federal e não municipal. 







Em sua opinião, qual é a grande falha do Governo Dilma Rousseff (PT)?




Primeiro, é que para segurar os empregos do Sul e Sudeste, tem essa
redução do IPI, que quem paga essa conta são exatamente os prefeitos do
Nordeste. A outra dificuldade é a burocracia. Toda essa situação de
transforma num gargalo e aí quem é taxado por incompetente é o prefeito,
porque as obras estão acontecendo no município. E (falha ao) liberar
recursos, (em não) aumentar liberação de recursos na Saúde e na
Educação. O piso dos professores é completamente inviável para as
prefeituras bancarem essa conta. 







Para o senhor, o tempo do PT no Governo Federal já acabou?




O poder é cíclico, vai depender da proposta que o PSB vai lançar na rua.
Com isso, o povo vai avaliar, o povo deixou de ser besta. O que bota é o
que tira, o que aplaude é o que vaia. Eduardo é uma esperança para o
Brasil. 







O senhor tem tido contato com o ex-prefeito Yves Ribeiro (PSB)? Pretende apoiá-lo na eleição de 2014?




Sempre tenho contato. Só vou discutir eleição de deputado federal e
deputado estadual no ano de eleição. Se eu for tratar hoje de eleição,
eu não governo. O diálogo tem sido mantido com o ex-prefeito, mas só
vamos tratar de 2014 em 2014 até porque se for tratar de 2014 nesse
momento eu vou esquecer de governar.


 


Fonte: Folha de Pernambuco

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